terça-feira, outubro 10, 2006

Divagações sobre as praxes

Por princípio, era completamente contra as praxes antes de entrar na faculdade. Achava que apenas eram feitas por uns frustrados com problemas de afirmação, que se dedicavam a humilhar outras pessoas.

Quando ingressei na Nova, até tive sorte porque vim acompanhada por 2 amigas (a Rita e a mais_witch), o que não me fez sentir menos nervosa em relação ao que ia acontecer naqueles primeiros dias. Como qualquer caloira que se preze, tremia de cada vez que via alguém trajado e olhava quando gritavam um genérico “Hey caloira!”. Apesar dos meus receios, não me obrigaram a fazer nada de especial: andei com o cartão do animal e as respectivas orelhas, lá fiz os meus peddy-papers (contar janelas é tão divertido!) e também corri em diversos locais. Como conseguimos escapar a tempo, não fiz parte do cortejo nem me puseram mistelas na cabeça.

Dois anos mais tarde, é a minha vez de praxar. Em meados de Junho, as Mais começaram a pensar fazer alguma coisa que fosse divertida e que, simultaneamente, nos divulgasse, tendo surgido essa hipótese. Devo dizer que não me apetecia nada fazer os outros sofrer o mesmo. Também assustador foi o facto da mais_linda e da mais_fofa estarem cheias de ideias para começarmos as aulas em grande. Depois de algumas peripécias já em Setembro (que incluíram a compra do traje-maravilha e o trabalho em equipa a colar cartões) estávamos prontas para começar.

Dia 20 ia ser o grande dia: os alunos do primeiro ano começavam as aulas. Quando eu saí de casa trajada, achei-me uma autêntica fraude – sentia-me descomposta e desconfortável, não sabia como dobrar a capa e não tinha a certeza de conseguir impor alguma autoridade sobre os novatos (mais tarde, descobri que o fato fazia isso só por si). À medida que o dia foi passando, juntamente com a mais_pateta, a mais_fofa e a mais_linda, comecei a sentir-me mais confortável naquele papel e já desempenhava as minhas funções com grande confiança (“Ó caloiro onde é que está o cartão? E tu, onde pensas que vais?!”), principalmente quando fugiam de nós apenas por tarmos

Posteriormente, tive que me ausentar das festividades, porque tinha de assistir à bela aula de Economia Global. Mal sabia eu o que me esperava. Quando saí da aula, vi-as com um grupo de caloiros e pus-me logo a imaginar os jogos que elas tinham inventado. Quando me comecei a aproximar, a mais_linda manda-me parar. De repente, vejo os mesmos caloiros alinhados, com as caras pintadas com um grupo de letras que formava um “PARABÉNS MARISA!” (para quem não sabe e devia saber, fiz anos no dia 14 de Setembro). De seguida, começaram a cantar-me os parabéns e o rapaz com o ponto de exclamação deu-me a prenda das restantes Mais (as malas são a minha perdição). Fiquei completamente sem palavras, foi uma surpresa mesmo muito engraçada.

A seguir, fomos almoçar à cantina. Porém, não nos esquecemos de fazer com que todos os caloiros cumprimentassem a D.Edite e com que comessem sem talheres (as colheres eram o privilégio muito escasso). Desse grupo de caloiros, acabaram por sair a maior parte dos nossos queridos afilhados, sendo que alguns, na actualidade, só nos dão dores de cabeça. Mais tarde, continuaram as partidas habituais (ver quem rebentava o balão só com o corpo, pintar umas coisas na cara deles) e seguimos para o cortejo e, finalmente, para o baptismo no Marquês. Nos dias posteriores, por várias razões, acabou por não haver mais praxes.

Em conclusão (porque já chega de escrever), aquele argumento que diz que as praxes são necessárias tem um fundo de verdade. Para além de serem divertidíssimas de fazer, são realmente uma forma de integrar as pessoas numa instituição tão grande e com tanta gente e de orientá-las de alguma maneira nos primeiros dias (nem que seja com as pistolas de água). Desde que não se ultrapassem os limites do bom-senso, todos se podem divertir. Aliás, alguns caloiros já estavam cheios de ideias em relação ao que iam fazer aos caloiros de 2007 – pena é que se calhar já não vou fazer parte.



PS- A_mais_doida também já fez anos entretanto. Espero bem que façam um post de jeito, a dar-nos os parabéns como deve ser.

2 comentários:

a_mais_fofa disse...

Cada vez mais acho que as praxes são fundamentais para o fortalecimento do carácter académico. Quem não passa por boas praxes nunca será um bom estudante universitário (coisa que já confirmámos com uma observação comparativa de alto teor científico).
Eu era capaz de me habituar àquilo… o poder é viciante. Quando cheguei a casa ainda me pus a dar ordens aos meus pais e irmão!
Enfim… Foi giríssimo e resultaram uns afilhados que não podiam ser mais opostos: se uns são uns abusadores incorrigíveis, os outros têm uma calma capaz de equilibrar esta relação… São o meu orgulho, são os_mais_caloiros, escolhidos “a dedo”, não nos vão deixar ficar mal.
Ops… E porque já me estou a alongar demais neste comentário é melhor ficar por aqui.

Ah! É um facto, estamos em divida... falta o post dos Parabéns para As Mais aniversariantes de Setembro...

a_mais_linda disse...

e eis q qd já se pensava q não viria mais o post sobre as praxes (o q m levou a fazer o post anterior para resolver um problema de ética da mais_fofa)...ele aparece!! e tá mt bem, sabes q eu tb como tu era contra as praxes antes d entrar pa faculdade, mas agora dpois d sentir o poder...nós conseguimos mm provar cientificamente a importância das praxes no futuro académico dos jovens, axo até q deviamos escrever uma tese sobre o assunto!!...e claro, não podemos esquecer os mais_afilhados, os abusadores e os, vá lá bonzinhos...e diz lá q a nossa surpresa d aniversário não foi brilhante!!!!