segunda-feira, outubro 30, 2006

Um desconhecido de todos os dias

As aulas tinham começado e, com elas, o som do despertador a lembrar que havia horários a cumprir.
Na rua, o dia já tinha começado há muito tempo. Segui o meu caminho na direcção da estação. Ultrapassei e fui ultrapassada: dezenas de pessoas com uma passada apressada (algumas nem tanto…) também desciam a rua, que àquela hora da manhã parecia ter um só sentido.
Foi quando o vi: não tinha mais de 25anos, uma farda azul e um boné de cores gastas. Ia trabalhar, a farda não enganava. Subia a rua com a segurança de quem programou bem os seus horários e sabe que tem tempo para chegar ao seu destino. Olhei o relógio. Também tinha tempo. Voltei a olhar para ele. Estava mais perto; subia determinado a rua que descia para a estação. Sem dificuldade, remava contra a maré. O boné escondia-lhe a cara, a sombra não deixava perceber o seu rosto, só os olhos pareciam arder naquele rosto escurecido, naquele vulto inexpressivo. Tinha os olhos claros.
Cruzámo-nos, ele passou mesmo ao meu lado, tão perto… não me viu, acho que nem olhou para mim. Eu era só mais uma que fazia aquele caminho, tal como aquelas por quem ele já tinha passado e as que vinham atrás de mim (talvez a reparar nele também). Queria ser diferente, chamar-lhe a atenção... Tarde demais, ele já tinha passado, já não estávamos no caminho um do outro. Então, qualquer coisa me desviou a atenção, não sei o que foi, não me lembro, mas não voltei a lembrar-me dele.
No dia seguinte a rotina repetia-se: o mesmo caminho, a mesma direcção, o mesmo desconhecido. E os dias foram passando e ele continuou a subir a rua.
Às vezes sinto que o conheço. Naqueles instantes de cada dia as nossas vidas tocam-se: sinto-lhe o cheiro, percebo a sua respiração, capto a sua essência. Por segundos partilhamos o mesmo mundo. Depois cada um segue o seu caminho, em mundos certamente tão diferentes e qualquer coisa me chama a atenção, acho que já sei o que é… e esqueço-o.
Hoje em dia ele já me vê, já me reconhece. Quando nos cruzamos, todos os dias, mais ou menos no mesmo sítio, mais ou menos na mesma hora, ele olha para mim como se soubesse quem eu sou. Continuo sem ver bem o seu rosto mas o seu olhar basta. Às vezes parece que me vai cumprimentar mas logo a seguir já está nas minhas costas, a subir aquela rua que eu desço. Talvez amanhã lhe deseje um Bom Dia. Talvez ele não me responda. Não faz mal, afinal de contas ele é só um desconhecido de todos os dias.

quarta-feira, outubro 25, 2006

porquê, porquê óh porquê?

Agora vou escrever a minha revolta!!!
Estou aqui com a minha grande amiga Sa***a e a minha querida amiga D**a. Acabámos o trabalho. Acho que está bom, mas deve faltar muita coisinha... enfim, é o que se arranja. É bom que se saiba que a menina Clá***a trabalhou pouco e que para o próximo vai ter de se esforçar mais! Muito Mais! Ontem estive acordada até às tantas a trabalhar que nem moura, enquanto certas e determinadas meninas dormiam quentinhas nas suas camas. MAS EU SOU ESCRAVA???? ÃH?! ÃH?! é por essas e por outras que não vos dou um raminho de hortelÃH! ÃH!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda por cima estamos na mesma sala do ca***a!! Por favor... não brinquem comigo!

Graças a vocês sou hoje uma pessoa alterada, fora de mim. Às vezes olho e vejo-me ali ao fundo, a chicotear-me a um canto. Às vezes vejo-me até a abrir os pulsos inclusivé (que é para rimar com até).

Um pedido profundo e delicado que vem do coração, lá do fundo (para rimar com profundo!): não telefomnem para o Júlio de Matos.

Bjn,C*t
Nota: Quem rima sem querer é amado sem saber (olha, rimei outra vez...sem querer....)


*recebi isto no mail, não fui eu que escrevi, mas como acho q as revoltas devem ser aproveitadas para manter o blog em movimento e não para me encher o mail decidi postar, mas claro, ocultando os nomes dos intervenientes pq respeito a privacidade de cada um.

terça-feira, outubro 10, 2006

Don't Look Back In Anger

Divagações sobre as praxes

Por princípio, era completamente contra as praxes antes de entrar na faculdade. Achava que apenas eram feitas por uns frustrados com problemas de afirmação, que se dedicavam a humilhar outras pessoas.

Quando ingressei na Nova, até tive sorte porque vim acompanhada por 2 amigas (a Rita e a mais_witch), o que não me fez sentir menos nervosa em relação ao que ia acontecer naqueles primeiros dias. Como qualquer caloira que se preze, tremia de cada vez que via alguém trajado e olhava quando gritavam um genérico “Hey caloira!”. Apesar dos meus receios, não me obrigaram a fazer nada de especial: andei com o cartão do animal e as respectivas orelhas, lá fiz os meus peddy-papers (contar janelas é tão divertido!) e também corri em diversos locais. Como conseguimos escapar a tempo, não fiz parte do cortejo nem me puseram mistelas na cabeça.

Dois anos mais tarde, é a minha vez de praxar. Em meados de Junho, as Mais começaram a pensar fazer alguma coisa que fosse divertida e que, simultaneamente, nos divulgasse, tendo surgido essa hipótese. Devo dizer que não me apetecia nada fazer os outros sofrer o mesmo. Também assustador foi o facto da mais_linda e da mais_fofa estarem cheias de ideias para começarmos as aulas em grande. Depois de algumas peripécias já em Setembro (que incluíram a compra do traje-maravilha e o trabalho em equipa a colar cartões) estávamos prontas para começar.

Dia 20 ia ser o grande dia: os alunos do primeiro ano começavam as aulas. Quando eu saí de casa trajada, achei-me uma autêntica fraude – sentia-me descomposta e desconfortável, não sabia como dobrar a capa e não tinha a certeza de conseguir impor alguma autoridade sobre os novatos (mais tarde, descobri que o fato fazia isso só por si). À medida que o dia foi passando, juntamente com a mais_pateta, a mais_fofa e a mais_linda, comecei a sentir-me mais confortável naquele papel e já desempenhava as minhas funções com grande confiança (“Ó caloiro onde é que está o cartão? E tu, onde pensas que vais?!”), principalmente quando fugiam de nós apenas por tarmos

Posteriormente, tive que me ausentar das festividades, porque tinha de assistir à bela aula de Economia Global. Mal sabia eu o que me esperava. Quando saí da aula, vi-as com um grupo de caloiros e pus-me logo a imaginar os jogos que elas tinham inventado. Quando me comecei a aproximar, a mais_linda manda-me parar. De repente, vejo os mesmos caloiros alinhados, com as caras pintadas com um grupo de letras que formava um “PARABÉNS MARISA!” (para quem não sabe e devia saber, fiz anos no dia 14 de Setembro). De seguida, começaram a cantar-me os parabéns e o rapaz com o ponto de exclamação deu-me a prenda das restantes Mais (as malas são a minha perdição). Fiquei completamente sem palavras, foi uma surpresa mesmo muito engraçada.

A seguir, fomos almoçar à cantina. Porém, não nos esquecemos de fazer com que todos os caloiros cumprimentassem a D.Edite e com que comessem sem talheres (as colheres eram o privilégio muito escasso). Desse grupo de caloiros, acabaram por sair a maior parte dos nossos queridos afilhados, sendo que alguns, na actualidade, só nos dão dores de cabeça. Mais tarde, continuaram as partidas habituais (ver quem rebentava o balão só com o corpo, pintar umas coisas na cara deles) e seguimos para o cortejo e, finalmente, para o baptismo no Marquês. Nos dias posteriores, por várias razões, acabou por não haver mais praxes.

Em conclusão (porque já chega de escrever), aquele argumento que diz que as praxes são necessárias tem um fundo de verdade. Para além de serem divertidíssimas de fazer, são realmente uma forma de integrar as pessoas numa instituição tão grande e com tanta gente e de orientá-las de alguma maneira nos primeiros dias (nem que seja com as pistolas de água). Desde que não se ultrapassem os limites do bom-senso, todos se podem divertir. Aliás, alguns caloiros já estavam cheios de ideias em relação ao que iam fazer aos caloiros de 2007 – pena é que se calhar já não vou fazer parte.



PS- A_mais_doida também já fez anos entretanto. Espero bem que façam um post de jeito, a dar-nos os parabéns como deve ser.

segunda-feira, outubro 09, 2006

há dias assim....

Do I have an original thought in my head? My bald head. Maybe if I were happier my hair wouldn't be falling out. Life is short. I need to make the most of it. Today is the first day of the rest of my life. I'm a walking cliché. I really need to go to the doctor and have my leg checked. There's something wrong. A bump. The dentist called again. I'm way overdue. If I stop putting things off I would be happier. All I do is sit on my fat ass. If my ass wasn't fat I would be happier. I wouldn't have to wear these shirts with the tails out all the time. Like that's fooling anyone. Fat ass. I should start jogging again. Five miles a day. Really do it this time. Maybe rock climbing. I need to turn my life around. What do I need to do? I need to fall in love. I need to have a girlfriend. I need to read more and prove myself. What if I learned Russian or something, or took up an instrument. I could speak Chinese. I'd be the screenwriter who speaks Chinese and plays the oboe. That would be cool. I should get my hair cut short. Stop trying to fool myself and everyone else into thinking I have a full head of hair. How pathetic is that. Just be real. Confident. Isn't that what women are attracted to? Men don't have to be attractive. But that's not true. Especially these days. Almost as much pressure on men as there is on women these days. Why should I be made to feel I have to apologize for my existence? Maybe it's my brain chemistry. Maybe that's what's wrong with me. Bad chemistry. All my problems and anxiety can be reduced to a chemical imbalance or some kind of misfiring synapses. I need to get help for that. But I'll still be ugly though. Nothing's going to change that. [Charlie Kaufman in Adaptation.]

*Pois, há dias assim, ainda bem que hoje não foi um deles!!!
**Vá lá mais_fofa, já podes escrever um post que não parece mal!!

segunda-feira, outubro 02, 2006

A valorização do esforço

Aquando da celebração dos 6 maravilhosos meses do nosso blog, lançámos um desafio. Várias foram as respostas e a competição foi tremendamente renhida! Pudera com tão maravilhoso prémio…
Depois de alguma discussão, chegámos à vencedora do almoço na cantina com As Mais.
Tempos de grande azáfama seguiram-se aos nossos festejos pelo que ainda não nos foi possível pagar o que devíamos. Agora, com energias renovadas e novos horários, encontrámos a oportunidade ideal:
2ªfeira, dia 9 de Outubro, às 14h00m.
Em conversa com a visada fui informada que terá dificuldade em comparecer no entanto as nossas agendas não são fáceis de conciliar e novas necessidades implicam que esta dívida seja colmatada o quanto antes.
Assim sendo, uma certeza fica: na segunda-feira As Mais estarão na cantina bem como o almoço prometido. Ir ou não ir é escolha da esforçada vencedora.